Percurso de Almançor

Percurso do Almançor

Em Carapito o roteiro  pode ter uma orientação cronológica, pois são facilmente identificáveis, e bem definidos, os vários núcleos patrimoniais. Comecemos então a visita com uma ida à "Casa da Moira". Na estrada para Queiriz, logo que passamos a ponte, encontramos a indicação do Dólmen. A partir daqui vamos a pé, em passeio curto e agradável, por entre campos de cultivo, até chegarmos a ribeira, a qual a atravessamos quer através da rudimentar ponte de pinheiros ou a pé. Trata-se de um dólmen com cerca de 6000 anos. Nas matas, em frente, encontram-se mais dois dólmens de menores dimensões, para melhor lá chegarmos, podemos tomar a estrada que segue para Penaverde e, na ponte do Espinhal, desviar por caminho de terra.

Deixada a Pré-História é a altura de nos abeiramos de uma civilização castreja. Quando o Homem procurou a Serra para melhor se defender, aproveitou as pedras para construir as sua habitações circulares, fez mós manuais e ergueu altares aos seus Deus, para além de dominar uma vasta região. Há lagaretas e casas quinhentistas com seus portais chanfrados e símbolos de cristãos novos, a comprovar a presença de judeus e a pujança medieval deste local. Orgulham-se as gentes do seu esbelto pelourinho na Praça, que tem como pano de fundo a antiga casa paroquial e a Igreja de finais do século XVII. É perfeitamente visível, nas suas paredes, que foi redimensionada, talvez até tenha uma origem românica, pois a Paróquia de Santa Maria de Carapito já estava instituída em meados do séc. XII. No interior há imagens de grande valor, destacam-se a de São Pedro de Verona e algumas pinturas nos altares laterais.

Continuando, encontramos a capela de Nossa senhora do Rosário, no inicio da Carreira de Cima, acompanhada do que resta do solar da família Pessanha, e na Carreira de Baixo o que foi a capela de Santo António, com inscrição decifrável na ombreira de um portal de mais outra construção fidalga. Mas há mais um belo solar para ver junto aos tanques públicos, há alminhas e fontes nas Adegas, há um belo aqueduto a passar por detrás do Mortório. Tudo isto antes de subirmos ao Calvário e de lá registarmos o que é hoje esta terra de Carapito, como vivem e como fazem o progresso as suas gentes. Ao voltarmos as costas levamos saudades, mas temos pela frente uma longa jornada.

Para já vamos ao Eirado. Sai-nos ao caminho a Matriz com a imagem da padroeira. Nossa Senhora da Conceição, abrigada na fachada e de frente para o núcleo central do povoado. Uma típica calçada conduz-nos a um largo onde tudo é para ver. Logo na esquina a capela de Santo Amaro, com Santo António à porta, sempre a postos, por certo, para a missa campal que aí tem lugar a 15 de Agosto de cada ano. A meio eleva-se frondoso pinheiro que, ao longo de quase um séc. tem dado sombra a todos os que ali se sentam. Sombra dá o Pinheiro, água dá o esbelto chafariz cilindrico-cónico. Seguindo a rua, parece-nos ser a principal, deparamos com feliz curiosidade na esquina da rua Torta. É o "Eirado", representado num rosto esculpido, adornado de vistosa gravata.

De regresso a estrada municipal , desviamos para Ancinho, onde descobrimos a capela do Senhor do Castelinho. Trata-se de um belo monumento religioso, benzido em 1736, no interior encontra-se a imagem do Senhor esculpida na própria rocha. Cumprida a romaria, voltamos ao Eirado, para daí seguirmos até aos restantes lugares da freguesia. Na Antela não encontramos vestígios de qualquer monumento megalítico.

Na Barranha passamos apressados pela capela de Santo António espreitando as edificações graníticas características de uma aldeia serrana, enquanto anotamos ser aqui a nascente do rio Dão. Nos Carregais temos para ver, na rua paralela à estrada municipal, um calvário em granito, o poço e o que foi o forno do povo e belos varandins de madeira a enfeitarem a rua que nos leva à capela de S.João, dali seguimos para Souto de Aguiar da Beira.

Rezam as crónicas que por aquelas paragens terá acontecido grande batalha entre cristãos e mouros comandados por Almançor. Logo à entrada dá-nos as boas vindas um desfigurados solar. Resta o belo brasão e alguma traça original, pois quando perguntamos pela capela , damos conta que era, mas já não é. No Centro do Largo principal ergue-se um bem talhado cruzeiro e, nas costas dele, a Matriz. Procuramos, no interior, a Cruz de Cristo e o Escudo, reconhecemos na capela-mor os motivos iconográfico dos caixotões do tecto. A talha é de interesse e S. Sebastião é padroeiro.

Podemos, dali, dar um salto a Moçafra, talvez o lugar mais antigo da freguesia, com origens mouriscas. Fazendo-o ou não, voltamos para o largo do Carvalinho, observamos um outro cruzeiro, uma decorada fonte e um exemplar raro da típica casa da Beira, vaidosa do seu alpendre. Ao descermos a rua daremos conta da antiga fonte do Outeiro, exemplar pouco visto por estas paragens. A seguir seguimos para Lezíria. A descida é panorâmica. Em frente ergue-se a serra, desfeita pela escassez de floresta. Contentemo-nos com o viçoso vale, que se vai encostar ao Távora, no limite do território do concelho. Foi este vale, de Reguendo e pertença de fidalgo da casa de El´Rei. Conserva a mesma beleza e as mesmas moiras encantadas e de encantar, moradoras que são no Penedo da Moira. Poderemos visitar a capela de Nossa Senhora do Pranto, ou Senhora da Piedade. Podemos admirar um magnifico fresco que, por altura das Invasões Francesas, se viu escondido pelo altar. O cenário da morte de Jesus é ricamente acompanhado pela Nossa Senhora do Leite e São João. Fica este templo dentro da propriedade da Família Saraiva, na companhia de fidalgo solar e outras construções que enobrecem o lugar. O Turismo de Habitação é um ótimo caminho para o desenvolvimento do concelho, já que as potencialidades não faltam.

Indo em direção ao Távora, não chegamos lá, temos romaria para fazer na Capela de Santo Antão. O desvio é pela direita e o cruzeiro assinala o lugar. A ermida é pequena, mas a romagem é grande a 17 de Janeiro. Vêm romeiros de longe, acompanhados da merenda, invocando a proteção de seus haveres. O lugar convida ao descanso e há, na beira do rio, pitorescos recantos para o lazer, daqui seguimos para Peroferreiro.

A povoação é antiga, com origem em duas quintas, e por aí encontramos cruzeiros singelos e habitações de antigamente, aqui podemos visitar a Torre do Relógio, bonitos portais e cruzeiros. No votar atrás do caminho atravessamos o rio e tomamos a estrada nacional, que vai de carreira até a Ponte do Abade. Estranha sina a desta terra, dividida entre duas freguesias, dois concelhos, dois distritos, duas dioceses..., vale a união das gentes que tão bom nome lhe dá. Junto ao chafariz atrevemo-nos a descer até ao rio.

O carreiro é fresco e no fundo achamos um rio, indolente e esquecido. De seguida vamos à sede da freguesia. Era esta freguesia de São Sebastião de Sequeiros. O seu povoamento é antigo mas, aquando das Inquirições de 1258, achava-se incluída na Paróquia de Santo Eusébio de Aguiar. No largo central podemos visitar a Igreja Matriz e estender o olhar pelas matas e pomares. Desviaremos antes do final do percurso por Fontearcadinha e Sargaçais. Em Fontearcadinha poderemos descobrir algumas das fontes de chafurdo no sítio da Fonte Velha e do Vale. Esta última com calor arquitectónico assinalável.

Em Sargaçais há também capela. Esta em dedicação a Santa Luzia, e na Lage se ergue um cruzeiro datado de 1759, com variada ornamentação na sua base.

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